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Sabemos que o boxe
grego no qual se usavam somente as mãos e o pancrácio no qual fazia-se
uso dos pés e das mãos ( mais semelhante ao karate ) datam de
épocas pré-olímpicos. De fato eram usados os membros como armas. Mesmo
assim, não seria lógico querermos ter as lutas gregas como pilares das
lutas sem armas, e muito menos tê-las como raízes das artes militares
orientais.
Foi no oriente, outrora
misterioso e romântico, onde apareceram da mesclagem de estilos de luta
dos Persas, Indianos, Chineses etc., as lutas de combate sem armas.
Surgiu daí sem dúvida alguma o karate de nossos dias.
Conta a história, tanto
Indú como Chinesa, que foi da observação dos movimentos dos animais que
surgiu esta arte militar. Ambas as histórias são iguais no sentido da
pesquisa. Diferem nos princípios filosóficos. Enquanto a Indú procurava
um meio de lutar, a chinesa preocupava-se com os caminhos que levam a
saúde geral. Numa, melhorava-se a saúde pelos movimentos lentos, ao
passo que na outra, dava-se especial atenção aos reflexos para a defesa
e ataque. Alguns citam Bodhidharma como fundador do karate. Este monge
Indú, conhecido mais como Daruma em japonês, foi o fundador do
Dhyana ou Budismo de contemplação, mais tarde chamado Zen (japonês).
Habitou – Wei – no monastério de Sha-lin-su na província de Honan,
pregou a doutrina do grande veículo.
Dizem que neste período
nasceu o Zen, e que durante anos meditou ajoelhado defronte a um muro
sem movimentar-se, perdendo assim, totalmente o uso dos membros. Este
monge foi o criador do Shao-lin-Su-Kempo, no qual pregava a união do
corpo com o espírito. Ensinava o que pensava ser o ideal para a saúde,
e dizia ser a união do corpo com a alma algo indivisível para chegarmos
a verdade e a paz interior.
Através de exercícios
penosos, deveríamos chegar à fortaleza do corpo para darmos morada a
uma paz de espírito e a uma verdade religiosa. Foi ele sem dúvida que
deu campo para que as artes militares servissem de caminho para um
estado de espírito. Ora, convenhamos que uma série de certos movimentos
físicos que procuravam a saúde, aliados a movimentos e a exercícios
respiratórios e mentais, não poderiam ser tidos como método de combate
muito eficaz.
Muito antes na China,
já se praticava o boxe chinês, e não resta dúvida que o método do monge
Indú, foi a síntese das lutas de seu país, tanto é que nos livros I Hu
Ching e Hsien-Sui-Ching, conhecemos algo mais sobre assunto tão
especial.
É certo também que
existiu e existe uma ligação indestrutível entre o Budismo Zen, com as
artes militares, mesmo aquela na qual se usa um bastão. Com a morte do
monge e a divisão da China em vários reinos o monastério foi incendiado
e os monges partiram para várias direções, levando seus conhecimentos.
Nesta época tomou maior vulto o boxe chinês que tinha sofrido
influência de Bodhidharma; mas já sem seus princípios, mais primando
para uma arte de combate. A parte espiritual foi esquecida. Mais tarde
a encontramos em quase todas as artes militares japonesas.
As técnicas de
combate chinesa dado a variedade e aos diversos estilos, tomaram nomes
diversos em razão deste estado de coisas. Exemplo do Chiao-ti-shu que
era uma arte de combate, foi mais tarde chamada kaiko, dada a invasão
momgol e a influência recebida, enriqueceu-se de elementos novos
tirados das lutas bárbaras. Desta ramificação aparecia o Kenyu também
conhecido como Gigeki, aparecendo mais tarde o Kempo. Nome japonês dado
ao boxe chinês, onde a preocupação foi a pesquisa da velocidade e
técnica.
Após a traumatização da
China pela invasão Mongol e a volta de uma dinastia chinesa ao poder,
aprimoraram-se as técnicas de lutas de combate. (D. Ming – 1368 – 1644)
– Na dinastia Ming e Tsing (1644 – 1911), surgiram, dada a criação dos
chineses, inúmeros métodos de luta com as mãos, derivadas de antigas
lutas já influenciadas pelos estilos dos invasores tais como o Kang-fa
e o Tai-Chi-chuan, parte essencial do karate atual.
Com o passar do tempo
advieram o Hung, o Lui, o Ts’ai etc., todas reclamam a coexistência com
o método do velho Monge. Mas é certo que houve com o passar do tempo
empréstimos mútuos nas técnicas diversas mas também a ligação com o
Shao-lin-Su-Kempo estava difícil de se estabelecer. Em verdade as
técnicas mesmo chinesas, são o Lung Hua Chuan (em japonês Ryuka-Ken)
uma espécie de lutas corpo a corpo.
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